O Rio Ijuí é conhecido por seu grande potencial hidrelétrico sendo que várias usinas são construídas em seu leito, sendo uma delas a Usina José Barasuol da Ceriluz (a que visitamos) localizado na linha 3 leste. Para a construção de qualquer usina hidrelétrica é preciso primeiramente a autorização da FEPAM (Fundação Estadual de Preservação Ambiental), que institui regras e normas ambientais a serem seguidas, caso contrário a usina é proibida de continuar gerando energia, ela é desativada.
Nossa turma, juntamente com os professores Gilmar, Janete e Sandra, fomos recepcionados por alguns dos operadores da usina hidrelétrica José Barasuol, um deles, Rogério Dias, nos acompanhou durante toda a visita nos explicando cada parte funcional da usina e respondendo os questionamentos dados pela turma.
Em primeiro lugar, a construção de uma barragem, requer o alagamento de áreas imensas, destruindo e modificando a fauna e flora local. No caso da Usina Hidrelétrica José Barasuol, foram alagados 130 hectares de área, o que implicou em mudanças tanto físicas como no habitat dos peixes, que antes, acostumados com águas lóticas, passaram a viver em águas lênticas. A construção da barragem os obrigou a se adaptarem ao novo ambiente. Outro fator impactante nesta usina, foi a construção do canal aberto e do túnel de adução em que foi preciso desmatar áreas de vegetação nativa, e remover pedras basálticas milenares.
Houve uma época em que as pessoas pescavam indiscriminadamente nas áreas próximas à barragem, a polícia ambiental às prendia, e acabavam por levar processos ambientais. Esses fatos ocorriam principalmente na época da piracema, em que os peixes sobem contra a correnteza dos rios em busca de águas mais rasas para se reproduzirem. Hoje em dia devido à divulgação e aos cuidados tomados pela cooperativa, as pessoas tomaram conhecimento da legislação e não são encontrados mais pescadores tão seguidamente. Existe uma lei em que só é permitida a pesca de 1000 a 1500 metros a cima e a baixo de toda a extensão da usina.
Na foto a cima, está sendo apresentada a usina José Barasuol, e dentre outras coisas podemos perceber onde se encontra a Mini Central (8), onde é produzido 0,83MW (830kW) de potência. A barragem (com 170m , o vertedouro com 145m e 10m de altura do vertedouro), já guarda uma pressão (contínua) que é utilizada para movimentar as pás, o estator, gerando eletricidade que já é enviada para a rede podendo ser distribuída e utilizada.
Depois desta “filtragem” a água é levada através de um túnel adutor (4) de 650m (construído, ou melhor, escavado em pedra basalto – rocha ígnea que se formou há milhares de anos atrás por erupções vulcânicas). Neste túnel a água flui por gravidade até a chaminé de equilíbrio (5) com capacidade de 273m³ de água em que faz parte, um golpe de aríete, responsável por aliviar a chaminé, eliminando calor epressão . Após chegar a este indispensável reservatório, a água é tubulada até a casa de máquinas (6) (produz 6,6 kW de potência), onde ocorre um desnível (de 21m) que vai gerar a força gravitacional necessária para mover as pás das turbinas e gerar energia elétrica.
É importante ressaltar o perigo que existe em uma subestação. Nunca entrar na subestação, ou chegar perto da alta tensão, pois em dias com muito vento, a corrente elétrica é transmitida através do ar. Se levantar o braço dentro da subestação, a pessoa levará um choque tão grande que acabará morrendo. Para a segurança, toda a subestação é aterrada com linhadas de ferro. Há também um para-raio servindo como fio terra, descarregando a carga proveniente de um raio diretamente no chão impedindo que ele se dissipe.
Dentro da usina existem quatro turbinas (Kaplan, da Alemanha), todas telecomandadas por aparelhos tecnológicos vindos da Alemanha; três na casa de força (sendo que duas estavam ativas no dia), e uma na mini central, primeiramente instalada apenas para atender as ordens da FEPAM, que obriga as hidrelétricas deixarem uma vazão chamada vazão sanitária, em que a água deve ser deixada passar para a alça seca do rio. A vazão na mini central é de 8m³/s de água (enquanto na casa de máquinas é de 26 a 29m³/s) permitindo que seu ciclo continue. Unindo o útil ao agradável, e aproveitando esta vazão de grande potencial hidrelétrico, instalaram uma turbina que assim como as outras, é capaz de gerar eletricidade. A velocidade de rotação das turbinas na casa de força é de 300rpm, já na mini central, é de 400rpm.
Uma turbina está disposta horizontalmente e é formada por seis peças principais: a caixa espiral (ou estator), o pré-distribuidor, o distribuidor, rotor, eixo e tubo de sucção. O estator é formado por finas chapas de aço magnético em forma de anéis, que quando tratadas termicamente reduzem ao mínimo as perdas por correntes. O rotor também é composto de chapas finas de aço magnético tratadas termicamente. Ele é responsável pela conversão de potência hidráulica em potência mecânica. Turbinas são telecomandadas, porém, caso ocorra algum problema funcional, quem entra em ação são os operadores e técnicos da usina.
Assim como o funcionamento geral da usina, o nível da água também é monitorado por computadores, e quando ele ultrapassa seu limite mínimo, ou seja, quando a água não ultrapassa os 40 a 50cm da barragem, os operadores fazem as manutenções necessárias para diminuir a velocidade de produção de energia, ou seja, a passagem de água pelos dutos, que também deve ser controlada para que não falte água para os peixes; porém, quando o nível volta a subir, as maquinas são reativadas a sua atividade normal de produção.
É isso aí Kaskudinhos! Gostei de ver, hein?
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